segunda-feira, 2 de maio de 2011

Cidades e Políticas Públicas na América Latina



Em agosto, estarei em Salvador coordenando uma mesa sobre políticas públicas no evento Latin Cities, que discutirá as relações internacionais das cidades da América Latina. É um assunto que tem ganhado importância nos últimos anos, com o aumento dos fluxos econômicos globais e com o questionamento acerca da capacidade dos Estados Nacionais em administrar de maneira flexível certos aspectos deste admirável mundo novo.

Há vários exemplos históricos de cidades que desempenharam papel relevante em termos de política internacional – Atenas, Veneza, Florença, e em épocas contemporâneas Cingapura, Hong Kong e Dubai. Na América Latina, Buenos Aires, Cidade do México, São Paulo e Rio de Janeiro sempre constam dos rankings das metrópoles globais. A realização dos grandes eventos esportivos no Brasil no lustro 2011-2016 reforça esse papel e de modo geral os governos municipais latino-americanos ainda dão seus primeiros passos em termos de construir estruturas burocráticas para lidar com questões diplomáticas, como atração de investimentos e negociações com órgãos internacionais.

A imigração também torna as cidades da região mais internacionalizadas. Há movimento populacional crescente dos países e áres mais pobres da América Latina (Bolívia, Paraguai, Peru, América Central) rumo à prosperidade do Cone Sul e do México. A questão é especialmente importante para o Brasil. A se manterem as taxas de crescimento atuais, o país precisará cada vez mais de mão de obra imigrante , inclusive de profissionais de alta qualificação vindos das nações desenvolvidas. É necessário pensar políticas públicas para lidar com a maior diversidade cultural, reformar as escolas para receber esses alunos, elaborar esforços de combate ao racismo e à exploração trabalhista de imigrantes em situação irregular.

Há também a agenda de maior cooperação entre as cidades latino-americanas no sentido de compartilhar experiências de busca de soluções a seus problemas comuns, como no caso das políticas de segurança pública de Bogotá e Medellín, que tanto influenciaram na criação das Unidades de Polícia Pacificadora no Rio de Janeiro. O trânsito é outro problema sério, em particular para o Brasil, onde a combinação de maior acesso ao consumo (inclusive de automóveis) e falta de investimento em infra-estrutura urbana e transporte de massas gera o risco de um “apagão das cidades”. Há boas lições a aprender em Bogotá e Santiago do Chile.

Idéias e sugestões para a mesa são bem-vindas. Penso em estimular um debate na linha dos que acontecem no programa “Cidades e Soluções”, apresentado na Globo News pelo jornalista André Trigueiro.

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