sexta-feira, 8 de junho de 2007

Poder em Movimento



Em setembro darei uma palestra no congresso da Associação de Estudos Latino-Americanos (LASA), em Montreal. Meu tema é a articulação entre os movimentos de direitos humanos no Mercosul. Minha proposta havia sido aprovada em março e há poucos dias a LASA me comunicou que fui um dos contemplados com o Prêmio de Viagem da organização, ou seja, eles irão custear minha ida ao Canadá e minhas despesas por lá. A contrapartida dessa ajuda é a obrigação de entregar um artigo escrito, que será incluído no CD-ROM do encontro.

Aproveito o feriadão para terminar o texto. Ocasiões como essas são uma excelente oportunidade de limpar as gavetas e organizar as idéias. Explico: tenho feito vários pequenos trabalhos sobre direitos humanos no Mercosul. Artigos para jornais, palestras em universidades, comentários em aula. O material fica meio solto no escritório e escrever umAo estudo acadêmico é uma maneira de organizá-lo.

Também é uma tentativa de dialogar com duas linhas de reflexão que convergiram e crescem em importância: a teoria dos movimentos sociais e as análises sobre atores não-estatais nas relações internacionais. Do primeiro grupo, gosto especialmente dos livros de Sidney Tarrow e Charles Tilly (Power in Movement, Social Movements, The New Transnational Activism). Eles começaram estudando protestos sociais dentro de um conjunto restrito de países: França, Inglaterra e EUA. Aos poucos se deram conta de que o nenhum movimento é uma ilha e todos estão incrivelmente conectados neste mundo em que a comunicação não demora mais do que o tempo de envio de um email. Da segunda equipe, destaca-se Katryn Sikkink, com quem tive o enorme prazer de conviver na Argentina. Ela escreveu clássicos da área (Activists Beyond Borders, The Power of Human Rights, Reestructuring World Politics) e está sempre com alguma pesquisa original e inquieta.

Meu interesse por essas teorias veio da vontade de refletir sobre o meu trabalho, que em grande medida envolve projetos de cooperação internacional entre ONGs, movimentos sociais e fundações filantrópicas. O que aprendi nos livros ajuda bastante, mas também considero que eles idealizam a sociedade civil e muitas vezes demonizam o Estado, que é muito mais fragmentado e heterogêneo do que dá a entender a análise abstrata. Claro que há analistas sensíveis a essas questões, gosto sobretudo dos livros de Evelina Dagnino, da Unicampo.

Aos poucos o artigo que escrevo toma a forma de uma espécie de acerto de contas teórico com o que foi minha vida profissional nestes últimos quatro anos. Com o doutorado chegando ao fim, é um bom momento para olhar para trás e pensar sobre o caminho que faço ao andar.

2 comentários:

Idelber Avelar disse...

Mauricio, que bom saber que você vai à LASA. Quem sabe não teremos a oportunidade de tomar um café por lá. Abraços,

Maurício Santoro disse...

Salve, meu caro.

Espero que nos encontremos por lá! Ficarei uma semana em Montreal, de modo que haverá bastante tempo!

Abraços